sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Para gostar de ler


Por Christiane Angelotti

Não é de hoje a preocupação em incentivar a leitura tanto para as crianças como para adultos. Os benefícios da leitura são muitos e já comprovados em inúmeras pesquisas.  Pessoas que lêem, falam e escrevem melhor. Por consequência, se expressam melhor. Como incentivar uma criança a ler, como criar o hábito da leitura são temas de diversos debates e estudos.  Acredito que a grande pergunta seria como estimular o prazer da leitura.

Hábitos e comportamentos se mantêm quando gostamos de fazer algo. Claro que cada pessoa funciona de um jeito. Existem aquelas em que, por curiosidade, por algum instinto, são atraídas pelos livros, pelas histórias, mesmo tendo todo um ambiente desfavorável. Mas a grande maioria não funciona assim.

A escola acabou ficando responsável por incentivar a leitura. Porém, cabe à família, principalmente, esse papel. Ler deveria ser parte de educar. Afinal, ler transforma vidas. A leitura sendo compartilhada como algo divertido, como sendo um presente e um hábito de toda uma sociedade não teria nenhuma dificuldade em se tornar parte da vida das crianças e jovens. Até porque a criança segue o exemplo.

O que fascina e atrai alguém para a leitura é uma boa história. Uma boa história é aquela que nos deixa fazer parte dela. Habitamos nela enquanto lemos. Infelizmente não é todo livro que contém uma boa história. Há muito lixo no mercado. Alguns feitos para que o leitor se interesse momentaneamente. Uma leitura “da moda”. Muitos livros com “receitas prontas” de como fazer isso, como fazer aquilo, como ser assim... Nesse ponto, tenho até que respeitar, pois há pessoas que gostam de ler tais “manuais” e se os mesmos trazem algum benefício para o leitor, têm o seu valor. Mas penso que isso não seja literatura.

Literatura é o que nos faz sonhar, viajar na imaginação, exercitar a emoção. Ao abrir um livro, se você sentir como se estivesse sido transportado para outro mundo, para uma determinada cena, uma época, uma ocasião... Isso é literatura.

Em um país como o Brasil, onde as taxas de analfabetismo são altas e o analfabetismo funcional é algo a ser muito considerado, há de se pensar e agir cada vez mais em formas para atrair as pessoas para o mundo dos livros. Por isso, acredito na importância de movimentos como saraus, contação de histórias, as chamadas oficinas (de leitura, poesia...); tudo o que puder aproximar as pessoas dos livros são ações de suma importância e deveriam ser prioridades para os governos. Aliás, porque será que não são? Se a leitura nos leva à reflexão, a formar um pensamento crítico e às mudanças?

Texto originalmente publicado no jornal Sobrecapa Literal

Christiane Angelotti é escritora e editora do site educativo ABC KIDS (http//:www.abckids.com.br)