Por Christiane Angelotti
“Era um
sonho”, declarou certa vez em entrevista à BBC Brasil a editora inglesa Liz
Calder, uma das mentoras da Flip. Podemos parafraseá-la sem receio de sermos
piegas. É um sonho.
Algo
acontece de especial nessa festa internacional dedicada à literatura. Talvez a
combinação da arquitetura colonial com a rua de pedras favoreça a sensação de
que o tempo aqui para. Não existe nada além de Paraty. Nesse momento, entramos
em uma espécie de portal, uma atmosfera diferente, onde se respira, se vive e
celebra-se literatura.
São cinco
dias de festa, cerca de 40 escritores, fora os que passam pelo circuito Off-Flip,
e um público estimado de 25.000 pessoas. Aqui escritores nacionais e
internacionais andam pelas ruas da cidade entre seus leitores que nem sempre os
reconhecem. A festa é democrática, assim como a verdadeira literatura. Não
existe o pedestal de ídolos montados por estratégias de marketing das editoras,
todos são parceiros e amantes das letras.
Durante seus
10 anos, a Flip cresceu e passou a ser mundialmente reconhecida. Inspirou
eventos similares no país e só por essas conquistas já seria sinônimo de
sucesso, mas talvez o que faça desse evento uma feira diferente seja a atmosfera do lugar em que as pessoas chegam
predispostas a compartilharem histórias, olhares e a descobrirem e
redescobrirem o que pode nos dizer a literatura. Enfim, sonho.