Venho pesquisando,
especificamente e sistematicamente, a pintura na atualidade desde a realização
dos meus doutorados na USP e na UFRJ. No
ano de 2006 publiquei o livro Pintura em
distensão, resultado das minhas pesquisas acadêmicas. As relações entre a
pintura e a realidade sempre foram estreitas, contudo, acordadas às questões específicas de cada época.
Localizo na atualidade dois focos relevantes na prática da pintura associada à
arquitetura: quando ela distende-se para o espaço real de forma interventiva
(questão que abordo no primeiro livro) e quando ela retoma sua figuração. Nesta
obra, Pintura e realidade, detenho-me
na investigação das pinturas que utilizam a imagem da arquitetura como metáfora
da nossa realidade, do nosso estar-no-mundo.
A retomada da imagem arquitetÿnica na
pintura contemporânea, e, consequentemente, da persperctiva de ponto de fuga,
revela vontade de recuperação do sujeito. Através dos espaços interiores e
intimistas das arquiteturas de Adriana Varejão confronto os espaços externos e
públicos das arquiteturas de José Lourenço. Em ambos os casos, os espaços
vazios colocam o sujeito-observador como protagonista da obra.
2. Conte-nos um pouco da sua
trajetória profissional, e de que forma o doutorado, e, posteriormente, o
pós-doutoradoinfluenciaram e influenciam na sua carreira.
Toda minha formação teórica foi
motivada pela minha atuação e formação como artista visual. Como artista, meu
trabalho está voltado para a reflexão das possibilidades da pintura. A partir
do conceito de pintura penso a pintura como conceito. Os doutorados que
realizei, ambos em artes, viabilizaram o exercício da conciliação entre o
pensamento e a prática, que acredito ser fundamental para todo artista. Como
artista e pesquisadora desenvolvi obra (artística e teórica) fundada nos
caminhos que a arte tomou a partir dos anos sessenta, quando diluiu todos os
limites convencionais das categorias artísticas. A realização do meu
pós-doutoramento na Universidade do Porto, em Portugal, colaborou, de certo
modo, na compreensão da "ancestralidade" da obra dos dois artis tas:
Adriana com seus Azulejões e Lourenço
com sua visualidade urbana portuguesa.
3. Quais as dificuldades maiores
para a pesquisa? E de que forma se desenvolveu a ligação Brasil-Portugal na sua
pesquisa?
A maior dificuldade estava relacionada à
própria viabilidade, i. é., estar in loco,
em Portugal. Para tanto, pude contar com o auxílio do CNPq, quando, durante um
ano, obtive meios para realizar levantamento bibliográfico e visual necessários
para a realização da pesquisa.
4. Qual interesse maior em publicar o livro? Quais as expectativas?
O público alvo, certamente, direciona-se
aos artistas, especialmente, aqueles em formação. Também aos pesquisadores que
se ocupam deste tema além dos estudantes universitários de cursos diversos
(artes visuais, arquitetura, cenografia etc.). Esta pesquisa surgiu, também, da
necessidade de contemplar meus alunos na
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-RIO), tanto na
graduação quanto na pó-graduação.
5. Alguma coisa que queira acrescentar? Há novos projetos de pesquisa
atualmente?
Gostaria de agradecer à Editora
Apicuri e toda sua equipe. Atualmente minhas pesquisas estão concentradas nas
relações entre a arte e a arquitetura na contemporaneidade.