domingo, 7 de julho de 2013

Mesa: O espelho da história

Por Frederico Hartje

A criação de romances com base em fatos históricos é o ponto crucial do trabalho do bósnio Aleksandar Hemon e do francês Laurent Binet, participantes da mesa O espelho da história, que aconteceu às 15 horas deste sábado e teve mediação do jornalista Ángel Gurria-Quintana.

Hemon e Binet defenderam a ideia de que a literatura se perpetua pela necessidade que as pessoas têm de contar histórias — histórias que as fazem ser lembradas.

O escritor bósnio, que vive nos Estados Unidos desde a eclosão da guerra em seu país, falou principalmente do seu livro O projeto Lazarus, que narra o assassinato do imigrante judeu Lazarus Averbuch, ocorrido em Chicago, no início do século passado, pelo personagem fictício Vladimir Brik. Para o autor, a falta de acesso a algumas informações que, inevitavelmente, se perdem com o passar dos anos nos obriga a preencher uma parte da história com a imaginação.

Para o francês, autor do romance HHhH, que conta a história do assassinato do oficial nazista Reinhard Heydrich, falar sobre um acontecimento real é bastante complexo: “Descobri que era complicado e que a melhor saída era compartilhar o problema com o leitor. Quando eu hesitava diante de algo, deixava isso claro no livro. Para não apagar o que estava errado, falava sobre o equívoco no capítulo seguinte.” Ele defendeu que a literatura tenha a maior aproximação possível com a realidade.


O ponto mais alto do encontro, porém, foi quando os dois comentaram sobre as manifestações que estavam para ocorrer próximas à Tenda dos Autores. Hemon e Binet afirmaram que gostariam de presenciar um evento que, para eles, pode ter um significado marcante para a história de um país. E foi justamente nesse clima de protestos, com a chegada de vários manifestantes ao local, que o mediador pôs fim à mesa.