Por Frederico Hartje
A criação de romances
com base em fatos históricos é o ponto crucial do trabalho do bósnio Aleksandar
Hemon e do francês Laurent Binet, participantes da mesa O espelho da história, que aconteceu às 15 horas deste sábado e
teve mediação do jornalista Ángel Gurria-Quintana.
Hemon e Binet
defenderam a ideia de que a literatura se perpetua pela necessidade que as pessoas
têm de contar histórias — histórias que as fazem ser lembradas.
O escritor bósnio, que
vive nos Estados Unidos desde a eclosão da guerra em seu país, falou
principalmente do seu livro O projeto
Lazarus, que narra o assassinato do imigrante judeu Lazarus Averbuch,
ocorrido em Chicago, no início do século passado, pelo personagem fictício
Vladimir Brik. Para o autor, a falta de acesso a algumas informações que,
inevitavelmente, se perdem com o passar dos anos nos obriga a preencher uma
parte da história com a imaginação.
Para o francês, autor
do romance HHhH, que conta a história
do assassinato do oficial nazista Reinhard Heydrich, falar sobre um
acontecimento real é bastante complexo: “Descobri que era complicado e que a
melhor saída era compartilhar o problema com o leitor. Quando eu hesitava
diante de algo, deixava isso claro no livro. Para não apagar o que estava
errado, falava sobre o equívoco no capítulo seguinte.” Ele defendeu que a
literatura tenha a maior aproximação possível com a realidade.
O ponto mais alto do
encontro, porém, foi quando os dois comentaram sobre as manifestações que
estavam para ocorrer próximas à Tenda dos Autores. Hemon e Binet afirmaram que
gostariam de presenciar um evento que, para eles, pode ter um significado
marcante para a história de um país. E foi justamente nesse clima de protestos,
com a chegada de vários manifestantes ao local, que o mediador pôs fim à mesa.