1. Como chegou ao tema abordado
neste trabalho e à escolha dos dois artistas, Lygia Pape e Helio Oiticica?
Eu pesquisava a produção artística de Hélio Oiticica desde 2002, como
bolsista de iniciação científica. Havia tomado contato com sua obra na mostra
Rio Arte Contemporânea no MAM-RJ nesse mesmo ano. Após um ano pesquisando a sua
trajetória, senti necessidade de um contraponto comparativo. Nessa época, a
exposição individual de Lygia Pape estava em cartaz no Centro de Arte Hélio
Oiticica e saí dessa mostra bastante mexida, e com muita vontade de escrever
sobre o trabalho dela. Foi então que veio a ideia de conhecê-la melhor,
pesquisar a sua poética. Os seus trabalhos me marcaram muito nessa época. O
livro é resultado dessa pesquisa iniciada em 2002, ainda na graduação, e
defendida como dissertação de mestrado em 2007. Estava interessada nas
aproximações e nos distanciamentos entre as duas poéticas e procurava fugir de
um recorte cronológico ou estilístico.
2. Conte-nos um pouco sobre a sua
trajetória profissional e a sua pesquisa acadêmica. Quais as dificuldades
maiores para a pesquisa?
Eu fiz a graduação e o mestrado em História da Arte, na UERJ, e sempre
gostei de estudar, da pesquisa, da escrita. Comecei a ser bolsista de iniciação
científica no começo da faculdade e me encontrei nesse universo. Paralelo a
isso, eu comecei a escrever e a organizar exposições de professores e de
colegas da faculdade.
As maiores dificuldades para a pesquisa quando você trabalha com artes é
ter acesso às obras originais. Como muitas vezes elas não integram coleções
públicas e são as próprias famílias que cuidam dos acervos, é sempre mais
difícil ter acesso às obras e aos documentos do que se elas pertencessem a um
museu ou a uma instituição. Eu tive muita sorte porque contei com o apoio tanto
do Projeto Hélio Oiticica quanto do Projeto Lygia Pape. Sem isso eu não
poderia, por exemplo, ter escrito sobre os filmes da Lygia Pape, que não
integram nenhuma coleção pública e que são pouquíssimos divulgados. Há muitas
pessoas que sequer sabem que ela produziu filmes. Eles também liberaram várias
imagens para compor o livro, então, sou muito grata a eles.
3. Qual interesse maior em
publicar o livro? E quais as expectativas?
O interesse é divulgar uma pesquisa feita há seis anos que até agora
havia circulado apenas no meio acadêmico e em congressos da área. Estou muito
realizada em ver que o texto é ainda atual, é um sonho que se realiza. Além de
admiradora do trabalho dos dois artistas, foi um texto realizado com seriedade
e rigor, então, assisti-lo vindo a público é muito gratificante.
Lygia Pape e Hélio Oiticica são grandes artistas brasileiros e tenho
expectativa de que será um livro relevante para a pesquisa sobre os dois porque
essa articulação entre as suas poéticas é inédita. Eu quis apontar que há
muitos pontos de contato possíveis, mas que também há divergências. Os dois
foram amigos e contemporâneos no Grupo Frente, no concretismo e no
neoconcretismo e é interessante perceber similaridades e diferenças entre as
suas pesquisas, buscando analisar atentamente os seus trabalhos. Estou muito
satisfeita com o resultado e espero que os leitores gostem.
4. Alguma coisa que queira
acrescentar? Há novos projetos atualmente?