quinta-feira, 29 de março de 2012

Sobre informe SNEL e matéria do jornal O Globo


Por Rosangela Dias

A matéria do jornal anuncia "Brasileiro lê, em média, quatro livros por ano." O corpo da matéria atesta que o Brasil piorou. Percebam que a matéria fala sobre preço alto do livro, mas não sobre as livrarias ganharem 40 a 50% do preço de capa do mesmo. As mesmas foram, digamos assim, preservadas, pois o livro digital também não é citado como possível estratégia para aumentar o público leitor.

O informe do SNEL "ajuda" na proteção, ao divulgar (a matéria do jornal O Globo não o faz) que a pesquisa mostra que os e-books ainda são pouco usados no Brasil. Sei não, mas se as livrarias não integrarem o esforço coletivo para aumentar o nível de leitura no Brasil, ficará mais difícil. Ah, sim, podemos recorrer às bancas de jornais. Livrarias abram os olhos! Banca de jornal não possui cafés, restaurantes nem ar-condicionado e estão vendendo livros. Quanto aos e-books, por que não uma campanha para serem utilizados como livros didáticos? Seria mais barato, além de diminuir consideravelmente o peso dos livros das mochilas e sacolas dos estudantes.

Outra questão: quando fui estudante, era preciso a partir do primeiro ano do antigo ginasial, hoje, nem sei que nome possui, a leitura de pelo menos um livro por mês. Meu filho, que estuda em colégio privado e está na sétima série/oitavo ano, mas, ao que tudo indica, seria equivalente ao terceiro ano do ginasial do século passado, é obrigado a ler um livro, não didático, por mês. Se a regra fosse para todas as escolas a média indicada de leitura/livro/ano não seria maior? Será que os cursos noturnos não obrigam essa leitura? Lembro muitos pedagogos, comunicólogos e professores de literatura e português criticarem o uso de livros de Machado de Assis para leitores adolescentes. Hoje devemos lamentar que tal prática tenha se esvaído. Não sou especialista em estética da recepção, mas penso que ler Machado de Assis com pouca compreensão do mesmo, é MUITO melhor do que ler nada. Talvez seja impossível mensurar, mas quem sabe esses textos incompreendidos, mas com imensa qualidade, não tenham produzido leitores e escritores? A Bíblia é apontada como o “gênero” (um livro) mais lido; a Bíblia por acaso é fácil de ser lida? Ou as Bíblias lidas são releituras da mesma, isto é, Bíblias simplificadas, já que agora a Bíblia é considerada um gênero. Seria o Ágape, do Padre Marcelo Rossi, um gênero da Bíblia? Pergunta dirigida aos especialistas.

O artigo do jornal O Globo sobre o assunto coloca que "a resposta real para o livro caro é a biblioteca pública." Até concordo com esta estratégia, entretanto há o temor de construção de bibliotecas, compras e admissão de funcionários para as mesmas se transformarem em superfaturamento para construtoras e editoras, bem como moeda de troca política, se é que podemos chamar por este nome a prática exercida pelos políticos daqui.

Gostaria de saber a quantidade de bibliotecas públicas no Maranhão, afinal o presidente do senado (e também imortal da Academia Brasileira de Letras) é de lá, e do Amapá, estado pelo qual o senador e escritor citado é representante.

Matéria do jornal O Globo de hoje AQUI