Por Rodrigo Novaes de Almeida
A mesa Ficção e História começou com a leitura
de fragmentos dos dois autores. Juan Gabriel Vásquez leu trecho do seu livro História secreta de Costaguana (2007) e
Javier Cercas de Anatomia de um instante
(2010).
Juan Gabriel Vásquez
nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1973. Em 2004, estreou na literatura com Os informantes. Com História secreta de Costaguana ganhou o Prêmio Qwerty de melhor
romance espanhol, e El ruido de las cosas
al caer (2011), o prêmio Alfaguara de novela.
Javier Cercas nasceu
em 1962 em Ibahernando, na Espanha, é colaborador do jornal El País e escreveu,
entre outros, Soldados de Salamina
(2001), em que mistura romance e relato histórico em torno da figura de Rafael
Sánchez Mazas, um escritor e ideólogo da Falange Espanhola durante a guerra
civil que devastou aquele país no século passado. O jornalista que investiga a
história de Mazas (ele sobrevive a um fuzilamento coletivo) é homônimo do
autor, embora seja também um personagem. O nome Soldados de Salamina faz alusão à batalha de Salamina, na qual a
frota ateniense venceu a persa. Seu livro mais recente é Anatomia de um instante, em que trata sobre o golpe de Estado
fracassado de 1981 na Espanha.
Em comum, os
escritores combinam o relato histórico e a criação literária, levantando
questões e conexões entre o nosso presente e o passado, nem sempre um passado
no qual as pessoas gostariam de se lembrar.
Vásquez defende que a
ficção deve contar a História de uma forma nova, ao criar outra realidade;
novos territórios que necessitam de algumas liberdades, segundo ele. O romance,
diz, é “uma metáfora” e o romancista, ao distorcer, tenta chegar a novas
verdades.
Javier Cercas admite
ter uma visão semelhante ao do colega e prossegue a linha de raciocínio de
Vásquez quando afirma que tanto historiador quanto romancista buscam “a verdade”,
embora busquem “verdades diferentes”. Para ele, cada romance tem uma pergunta
específica, portanto, regras diferentes. Consequentemente, cada romance acaba
por encontrar respostas também diferentes.
Ficção e História, na
obra de ambos, terminam por se misturar a tal ponto que já não queremos saber –
e, de acordo com o pensamento dos dois nem precisamos – o que é ficção e o que
é fato “histórico”.
A literatura trata de
outra forma de realidade.