quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mesa: Ficção e História


Por Rodrigo Novaes de Almeida

A mesa Ficção e História começou com a leitura de fragmentos dos dois autores. Juan Gabriel Vásquez leu trecho do seu livro História secreta de Costaguana (2007) e Javier Cercas de Anatomia de um instante (2010).

Juan Gabriel Vásquez nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1973. Em 2004, estreou na literatura com Os informantes. Com História secreta de Costaguana ganhou o Prêmio Qwerty de melhor romance espanhol, e El ruido de las cosas al caer (2011), o prêmio Alfaguara de novela.



Javier Cercas nasceu em 1962 em Ibahernando, na Espanha, é colaborador do jornal El País e escreveu, entre outros, Soldados de Salamina (2001), em que mistura romance e relato histórico em torno da figura de Rafael Sánchez Mazas, um escritor e ideólogo da Falange Espanhola durante a guerra civil que devastou aquele país no século passado. O jornalista que investiga a história de Mazas (ele sobrevive a um fuzilamento coletivo) é homônimo do autor, embora seja também um personagem. O nome Soldados de Salamina faz alusão à batalha de Salamina, na qual a frota ateniense venceu a persa. Seu livro mais recente é Anatomia de um instante, em que trata sobre o golpe de Estado fracassado de 1981 na Espanha.

Em comum, os escritores combinam o relato histórico e a criação literária, levantando questões e conexões entre o nosso presente e o passado, nem sempre um passado no qual as pessoas gostariam de se lembrar.

Vásquez defende que a ficção deve contar a História de uma forma nova, ao criar outra realidade; novos territórios que necessitam de algumas liberdades, segundo ele. O romance, diz, é “uma metáfora” e o romancista, ao distorcer, tenta chegar a novas verdades.

Javier Cercas admite ter uma visão semelhante ao do colega e prossegue a linha de raciocínio de Vásquez quando afirma que tanto historiador quanto romancista buscam “a verdade”, embora busquem “verdades diferentes”. Para ele, cada romance tem uma pergunta específica, portanto, regras diferentes. Consequentemente, cada romance acaba por encontrar respostas também diferentes.

Ficção e História, na obra de ambos, terminam por se misturar a tal ponto que já não queremos saber – e, de acordo com o pensamento dos dois nem precisamos – o que é ficção e o que é fato “histórico”.

A literatura trata de outra forma de realidade.