sexta-feira, 5 de julho de 2013

Mesa: Formas da derrota

Por Frederico Hartje


Paulo Scott e José Luiz Passos foram os convidados da quarta mesa do dia 4 de julho da 11ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), mediada por João Gabriel de Lima, editor-chefe da revista Época. De difícil compreensão à primeira leitura, por permitir múltiplas interpretações, Formas da derrota fez uma síntese sobre como a atual geração sustenta o sonho falido de gerações anteriores.

“Escrevo porque quero contar histórias sobre pessoas que arcam com as consequências de decisões que elas não tomaram. E que decisões são essas? No meu caso, tenho origem no Nordeste agrário. Meu Nordeste vai muito bem para poucos e muito mal para a maioria. São decisões tomadas lá atrás, mas até hoje lidamos com isso”, explicou Passos.

Pernambucano da pequena Catende e autor do romance O sonâmbulo amador, o autor contou que a ideia para o personagem Jurandir surgiu de uma visita que fez à usina em que nascera trinta anos antes e onde seu avô trabalhara.

Scott, por sua vez, fez questão de ressaltar que as derrotas atuais não devem ser encaradas como barreiras para transformações futuras.

“Todas as gerações precisam dos sonhos que as recepcionam no início, na juventude, e precisam suportar a derrota diante da impossibilidade. Minha geração, que saiu às ruas na década de 1980, jurou não cometer erros, mas falhou como tantas outras”, opinou.

Seu mais novo romance, Ithaca Road, se passa em Sydney e narra a história de Narelle, ex-modelo neozelandesa que tenta reencontrar na cidade australiana uma direção para sua vida sem grandes desafios ou perspectivas.

De modo bastante descontraído e mostrando interação com os espectadores, José Luiz Passos e Paulo Scott conseguiram deixar uma boa impressão aos que os escutavam tanto da Tenda dos Autores quanto no telão do lado de fora.